Força.

Ontem pela manhã, uma notícia que acabou com o meu final de semana e com o final de semana de muitas outras pessoas:

"Dois rapazes morreram e outro ficou ferido em um acidente na Rodovia Fernão Dias, na região de Guarulhos, na Grande São Paulo, na manhã deste sábado. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o mais velho do grupo tinha 22 anos.

O carro de passeio capotou na altura do km 88, por volta das 7h15, após o motorista perder o controle do veículo. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, os três voltavam de uma festa e o carro estava em alta velocidade.

Os passageiros André Meliani e Raphael Luiz Campana morreram no local. O motorista Rafael Amorim Vecchio ficou ferido e foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital HMU, de Guarulhos".

Quando a gente não conhece uma pessoa e lê uma notícia dessas, já ficamos em choque, e já nos sentimos mal, então, imaginem quando a gente lê uma notícia dessas, conhecendo a pessoa, tendo estudando com elas, e sendo uma delas o seu primeiro namoradinho.

A primeira coisa que eu fiz quando acordei de manhã foi entrar no facebook, do meu melhor amigo, porque o meu havia sido excluído, e comecei a ver as mensagens de "descanse em paz" "luto" "você está em um lugar melhor" entre tantas outras ... Cliquei no garoto marcado e a minha surpresa, o Raphael, que estudou comigo não sei quantos anos na Paulista. O choque foi grande, foi muito grande ... além de tudo, vi outro que estava sendo marcado e que havia sofrido o acidente também e infelizmente não havia aguentado - André Montanari. Ele não conhecia, apesar de ter estudado na FMU, nunca o vi, mas meu coração, após clicar no facebook dele, doeu tanto como. Já fiquei meio em choque, triste e bolada com tudo que aconteceu, abri a seguinte notícia do carro

• http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/02/dois-morrem-em-acidente-na-fernao-dias-em-guarulhos.html

e vi que havia mais algum rapaz com ele, mas que felizmente havia resistido ... estava torcendo, sem saber quem fosse, para que o garoto saísse dessa. Logo depois, minha irmã me liga:

- Nati, como você tá? ficou sabendo?

- To mal né ... fiquei meu, acabei de ler as coisas ...

- Você viu que o Rafael tava junto?

- O campana?

- Não, o Amorim.

Ok, se eu já estava em transe, nesse momento fiquei muito mais. Ela entrou no msn, e me mandou o link de outro site com a reportagem que eu coloquei acima. Quando eu li o nome do Rafael, parece que fiquei parada por uns 5 minutos, relendo e tentando entender tudo aquilo que aconteceu. Ainda mais por ele ter estado no volante.

O que aconteceu bem, eu não sei, a polícia não sabe, e ninguém sabe - o único que pode responder isso, é ele - mas independente da causa, o Rafael vai ter que ter muita força, principalmente dos amigos, e da família (dos amigos, de verdade, claro, e não os espertos que querem aproveitar o momento pra saber de detalhes e etc). Primeiro, fiquei sabendo que ele tinha ido pro hospital em estado grave, já estava achando que o pior ia acontecer, embora esperasse o contrário, depois, que ele já tinha tido alta e já estava em casa, mas que ele não parava de chorar um minuto ;/ E não é pra menos né? A situação é muito delicada, eu não consigo imaginar a dor que ele deve estar sentindo, é algo que ele nunca vai esquecer, e que todo mundo tem que batalhar pra tentar tirar a culpa das costas dele, porque pior do que perder carteira de motorista ou receber uma indenização/processo (coisa que eu acho que ele nem está pensando no momento) é lidar com a morte de 2 amigos íntimos, assim, de uma vez.

Afinal, em um dia você está lá, vivo, dançando, bebendo, curtindo as meninas, com a sua vida feita, e no outro, em um piscar de olhos, você não habita mais aqui. Como dizem "para morrer, basta estar vivo". Eu não tenho mais contato com o Rafael, desde 2006, então, eu me sinto meio estranha de ligar ou aparecer do nada e acharem que estou, eu não sei, me aproveitando da situação, então fico aqui em casa, torcendo, pensando, e esperando que as coisas se ajeitem na vida dele, aqui, quietinha no meu canto, mas torcendo verdadeiramente. E claro, que pra família do Rapha e do André, também. Afinal, dor igual a essa, não existe maior. Eu espero que a mãe desses garotos tenham muita força pra encarar tudo o que vier, e consigam se manter em pé. É muito difícil, mas ... é necessário - infelizmente a vida não nos abre opções muitas vezes, e nessa maioria das vezes, é nas decisões mais importantes que não temos o poder de escolher o caminho; a gente precisa entender, se conformar, aceitar e continuar andando - é uma bofetada na cara, mas o coração continua batendo e o sangue pulsando, não nos resta escolha.

Eu espero, que existe algo depois da morte, e se existir, eu tenho certeza que eles estão em um lugar melhor. É aqui, na Terra, que suas escolhas e suas atitudes o definem como pessoa - boa, ou ruim. E ruim, eles definitivamente não eram.

Força, eu peço paz.

@nati_nina