Dói de todos os lados, os de fora, os de dentro, de baixo e de cima, nenhuma saída, e você meio cego, meio tonto, só sabe que tem que continuar, meio sem esperança, as ilusões despedaçadas, o coração taquicardíaco, língua seca, e continuando.
Continuando. Resistimos aos trancos, já nem sei se foi escolha ou solavanco. Difícil arrancar uma certa lucidez disso tudo. Mas sinto que o coração se depura (É tão antigo falar em coração...) um pouco mais, em cada porrada. Meu olho compreende cada vez mais.
Caio Fernando Abreu.
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